quarta-feira, 18 de julho de 2012

Linguinha solta!

Por Silvânia Santos 



Sil não era deselegante por natureza! Era daquelas que sabem se vestir mas nem sempre se comportar. Ela tinha mesmo era uma línguinha solta. Falava da vida com qualquer colega fofoqueira e em qualquer lugar. E morava em cidade pequena “ Santo Ambrósio de Bogotá”.

Certa vez comentou com uma amiga que sonhara com o marido deitado ao lado de outro homem! Pronto! Comentou no banheiro do curso de bordado, que espero ela sair para dizer em tom maldoso que o fato era uma verdade e esta comentou para outra que contou para um amigo que comentou sob sigilo absoluto na mesa do bar com meia dúzia de amigos num dia de jogo do flamengo. Então foi assim, em menos de uma semana a cidade toda já “sabia” que a Sil havia confessado que pegar o marido com outro e que não se separara por medo da divulgação do absurdo!

Ao saber do fato ( e foi o último, como sempre!), o marido colocou Sil contra a parede e ela deselegantemente mentiu que jamais comentara tal desventura caluniosa! Na verdade, Sil não comentara desta forma e se esquecera completamente do tal sonho. O marido estava fulo da vida e com a moral abalada na cidade, mas deixou passar em brancas nuvens porque amava a esposa e acreditava nela acima de tudo. Jurou vingança se soubesse quem deu vazão a tal calúnia.

Sil, no entanto, não se conteve, foi correndo contar a algumas amigas que o marido estava nervoso com uma fofoca feita colocando-o em situação embaraçosa , mas não quis explicar nada , só disse que a coisa iria “feder” e como cada uma entende de um jeito... surgiu mais uma história. Desta vez a conversa que se espalhou é a de que o marido de Sil havia sido traído pelo amante que supostamente espalhou o caso para provocar a separação e o marido jurou vingança.

Para desespero da população feminina, ninguém sabia quem era o amante, então, teoricamente todos eram suspeitos de uma situação que nem havia ocorrido. Mulheres vigiando maridos e filhos, pais vigiando mulheres, porque daí em diante ninguém tinha mais certeza de se o amante era homem ou mulher. E o marido de Sil já estava sob a mira da poliíia por ser capaz de um crime passional.

Exagero? É porque vocês não moram em cidade pequena como eu. A boca maldita em cidade de 2000 habitantes é semelhante á notícia no facebook,  ou seja, em cinco minutos não há quem não tenha ouvido pelos almenos o ruído!

Nesta altura da situação o marido de Sil não tinha sossego e a “ coitada” só espalhava a conversa sem querer . Até o presente trecho o leitor deve estar sem entender com ela poderia ser culpada por tamanha fofoca que se espalhou desordenadamente. Tá bem ! Nem toda culpa é dela, mas cuidado e canja de galinha nunca fez mal a ninguém. E terminem de ler antes de julgarem alguma coisa tá!

Passado um ano do ocorrido e nenhum crime cometido, o fato perdeu a intensidade e pouco se comentava, Sil passou um tempo meio isolada das amigas pelo fato do marido ser quase um criminoso e etc e tal. Mas quem é boca grande não degenera e Sil resolveu comentar em um grupinho de bordado inocentemente que o marido estava bem mais tranquilo e que andou uns tempos até meio sem vontade de fazer sexo. Pronto! Mais um prato cheio de conversa que aumentou a tal ponto de que no final do assunto já se comentava que o amante voltara e que Sil e o marido estavam vivendo em separação de corpos. Só que desta vez o marido não deixou passar foi escarafunchando até que descobriu que o início do assunto saíra da boca da amada , ou melhor, da língua da esposa! Bom marido que era chamou Sil para uma conversa , mas cometeu um erro grave, ligou pra ela de manhã avisando que teriam uma conversa muito séria à noite.

E Sil, como sempre, comentou com as amigas que já estavam no clima de dizer que a separação total ocorreria aquele dia!

Em alguns minutos o papo já havia chegado até a esposa de um colega do marido de Sil que ligou para ele avisando que ela planejara pedir o divórcio naquela noite!

Hã? Como assim?

É o que o leitor esta pensando agora (Eu acho)! 
Pois é amigos! Quando a noite chegou ela já estava tensa com a conversa e o marido nervoso por saber do divórcio pelos outros!

Resultado. Ele chegou gritando e ela revidou... Bate boca em altas horas e até hoje não se sabe ao certo o que foi dito, só se ouviu que “então está tudo acabado pra você?”  e existem os que garantem que se ouviu um baque surdo ( daqueles incompreendíveis) .

O marido de Sil garante que nada aconteceu e que eles vivem bem , que ela agora é uma esposa discreta e coisa e tal . Mas a verdade é que fazem, 10 anos que ninguém vê a Sil. Uns dizem que ela morreu ( de tiro ou pancada), outros dizem que o marido cortou a língua dela com uma machada.

Eu confesso que não sei.

O que? Os senhores e as senhoras estão bravos porque não sabem o que ocorreu de verdade ou acham que eu inventei?

Credo! Que deselegante duvidar dos outros! Acho que ainda é pior do que se interessar e falar da vida alheia!

Falei!



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