Por Silvânia Santos
Sil
não era deselegante por natureza! Era daquelas que sabem se vestir
mas nem sempre se comportar. Ela tinha mesmo era uma línguinha
solta. Falava da vida com qualquer colega fofoqueira e em qualquer
lugar. E morava em cidade pequena “ Santo Ambrósio de Bogotá”.
Certa
vez comentou com uma amiga que sonhara com o marido deitado ao lado
de outro homem! Pronto! Comentou no banheiro do curso de bordado, que
espero ela sair para dizer em tom maldoso que o fato era uma verdade
e esta comentou para outra que contou para um amigo que comentou sob
sigilo absoluto na mesa do bar com meia dúzia de amigos num dia de
jogo do flamengo. Então foi assim, em menos de uma semana a cidade
toda já “sabia” que a Sil havia confessado que pegar o marido
com outro e que não se separara por medo da divulgação do absurdo!
Ao
saber do fato ( e foi o último, como sempre!), o marido colocou Sil
contra a parede e ela deselegantemente mentiu que jamais comentara
tal desventura caluniosa! Na verdade, Sil não comentara desta forma
e se esquecera completamente do tal sonho. O marido estava fulo da
vida e com a moral abalada na cidade, mas deixou passar em brancas
nuvens porque amava a esposa e acreditava nela acima de tudo. Jurou
vingança se soubesse quem deu vazão a tal calúnia.
Sil,
no entanto, não se conteve, foi correndo contar a algumas amigas
que o marido estava nervoso com uma fofoca feita colocando-o em
situação embaraçosa , mas não quis explicar nada , só disse que
a coisa iria “feder” e como cada uma entende de um jeito...
surgiu mais uma história. Desta vez a conversa que se espalhou é a
de que o marido de Sil havia sido traído pelo amante que
supostamente espalhou o caso para provocar a separação e o marido
jurou vingança.
Para
desespero da população feminina, ninguém sabia quem era o amante,
então, teoricamente todos eram suspeitos de uma situação que nem
havia ocorrido. Mulheres vigiando maridos e filhos, pais vigiando
mulheres, porque daí em diante ninguém tinha mais certeza de se o
amante era homem ou mulher. E o marido de Sil já estava sob a mira
da poliíia por ser capaz de um crime passional.
Exagero?
É porque vocês não moram em cidade pequena como eu. A boca maldita
em cidade de 2000 habitantes é semelhante á notícia no facebook, ou seja, em cinco minutos não há quem não tenha ouvido pelos
almenos o ruído!
Nesta
altura da situação o marido de Sil não tinha sossego e a “
coitada” só espalhava a conversa sem querer . Até o presente
trecho o leitor deve estar sem entender com ela poderia ser culpada
por tamanha fofoca que se espalhou desordenadamente. Tá bem ! Nem
toda culpa é dela, mas cuidado e canja de galinha nunca fez mal a
ninguém. E terminem de ler antes de julgarem alguma coisa tá!
Passado
um ano do ocorrido e nenhum crime cometido, o fato perdeu a
intensidade e pouco se comentava, Sil passou um tempo meio isolada
das amigas pelo fato do marido ser quase um criminoso e etc e tal.
Mas quem é boca grande não degenera e Sil resolveu comentar em um
grupinho de bordado inocentemente que o marido estava bem mais
tranquilo e que andou uns tempos até meio sem vontade de fazer sexo.
Pronto! Mais um prato cheio de conversa que aumentou a tal ponto de
que no final do assunto já se comentava que o amante voltara e que
Sil e o marido estavam vivendo em separação de corpos. Só que
desta vez o marido não deixou passar foi escarafunchando até que
descobriu que o início do assunto saíra da boca da amada , ou
melhor, da língua da esposa! Bom marido que era chamou Sil para uma
conversa , mas cometeu um erro grave, ligou pra ela de manhã
avisando que teriam uma conversa muito séria à noite.
E
Sil, como sempre, comentou com as amigas que já estavam no clima de
dizer que a separação total ocorreria aquele dia!
Em
alguns minutos o papo já havia chegado até a esposa de um colega do
marido de Sil que ligou para ele avisando que ela planejara pedir o
divórcio naquela noite!
Hã?
Como assim?
É o
que o leitor esta pensando agora (Eu acho)!
Pois é amigos! Quando
a noite chegou ela já estava tensa com a conversa e o marido
nervoso por saber do divórcio pelos outros!
Resultado.
Ele chegou gritando e ela revidou... Bate boca em altas horas e até
hoje não se sabe ao certo o que foi dito, só se ouviu que “então
está tudo acabado pra você?” e existem os que garantem que se ouviu um
baque surdo ( daqueles incompreendíveis) .
O marido de Sil garante que nada aconteceu e que eles
vivem bem , que ela agora é uma esposa discreta e coisa e tal . Mas
a verdade é que fazem, 10 anos que ninguém vê a Sil. Uns dizem que
ela morreu ( de tiro ou pancada), outros dizem que o marido cortou a
língua dela com uma machada.
Eu
confesso que não sei.
O
que? Os senhores e as senhoras estão bravos porque não sabem o que
ocorreu de verdade ou acham que eu inventei?
Credo!
Que deselegante duvidar dos outros! Acho que ainda é pior do que se
interessar e falar da vida alheia!
Falei!
Nenhum comentário:
Postar um comentário